<font color=0069cc>Mobilizar para o voto no «Sim»</font>
O PCP prossegue a sua acção de esclarecimento e mobilização para o voto no «Sim» no referendo de domingo. Há dezenas de iniciativas marcadas até à noite de sexta-feira. Em causa está a dignidade e a saúde da mulher.
«Que ninguém falte: Por um voto se ganha, por um voto se perde»
Por todo o País, o PCP está a promover muitas centenas de iniciativas em defesa do «Sim» no referendo do próximo domingo. Para ontem estava marcado um comício em Lisboa e Jerónimo de Sousa participa hoje num comício na Baixa da Banheira, concelho da Moita, e amanhã regressa a Lisboa para um jantar de encerramento da campanha na Casa do Alentejo.
O secretário-geral do Partido participou, no fim-de-semana, em dois comícios – no Porto e no Cercal, no concelho de Santiago do Cacém. No Porto, cerca de 800 pessoas encheram o Cinema Batalha para participarem no comício do PCP.
Precedido de um desfile promovido pela JCP, que juntou algumas dezenas de jovens na Rua de Santa Catarina, o comício foi aberto pela Orquestra Ligeira de S. Pedro da Cova. Silvestrina Silva, da direcção regional, afirmou que «para o PCP, responder “Sim” à pergunta do Referendo tem como objectivo defender a saúde reprodutiva das mulheres, uma vez que o aborto clandestino é um problema de saúde pública, e acabar com a criminalização penal injusta e inadequada das mulheres e com o negócio milionário do aborto clandestino».
A médica Conceição Bacelar realçou a importância da alteração da actual lei como condição fundamental para se «encarar de forma mais bem sucedida o fenómeno da interrupção voluntária da gravidez em Portugal, combater o aborto clandestino e identificar os métodos mais eficazes de planeamento e acompanhamento pessoal e familiar».
O que está realmente em causa
No Porto, Jerónimo de Sousa saudou todos os que participam na campanha pelo «Sim», particularmente os que «sendo alvo da chantagem e da tentativa de manipulação dos seus sentimentos» não se deixam intimidar e não viram a cara aos dramas da vida real votando «Sim» à despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez.
Rejeitando a argumentação dos defensores do «Não», esclareceu: «A votação do próximo dia 11 de Fevereiro não é para decidir se estamos a favor ou contra o aborto.» O que está em causa é se se mantém ou não a pena de prisão até três anos para as mulheres que recorram ao aborto, explicou.
Jerónimo de Sousa afirmou que aquilo que se vai votar é se continua ou não a «humilhação pública da mulher, a devassa da sua vida íntima, as investigações e os julgamentos como objectivamente acabarão por defender todos aqueles que votam “Não”, digam o que disserem sobre a intenção do seu voto». As condenações e os julgamentos têm efectivamente sido uma realidade nos últimos anos, ao contrário do que afirmavam em 1998 os defensores do «Não» para justificarem a manutenção da actual lei, lembrou o dirigente do PCP.
Em causa está ainda, prosseguiu, a manutenção ou não de uma lei que «impõe à mulher como única saída o aborto clandestino, inseguro e sem condições». Ou se, por outro lado, pode passar a realizar-se a interrupção da gravidez até às 10 primeiras semanas, em condições de segurança e assistência médica.
Uma questão que toca a todos
O aborto clandestino é «um problema político e social que diz respeito a toda a sociedade e não apenas às mulheres em idade de ter filhos», destacou Jerónimo de Sousa. O dirigente comunista afirmou ser necessário garantir «todos os votos nas urnas em 11 de Fevereiro, combatendo a abstenção, com a mobilização de todas as nossas forças e a nossa influência». Porque, alertou, «por um voto se ganha, por um voto se perde».
Aos presentes, Jerónimo de Sousa apelou a um esforço final nesta campanha: «vamos sem desfalecimentos, convictos da justeza da nossa luta, mobilizar para o voto “Sim”, o único voto que assegura e defende dignidade da mulher e o seu direito a optar e decidir».
O secretário-geral do PCP rejeitou os argumentos dos que afirmam que com a despenalização da IVG admite-se o «aborto sem motivo». Em sua opinião, «só quem está longe dos dramas da vida real dos homens e das mulheres de carne e osso, das dificuldades da vida dos homens e das mulheres concretas pode afirmar que uma mulher recorre ao aborto sem motivo ou vai para ele de forma leviana».
Os que agora falam do planeamento familiar e a ajuda à família como contraponto à despenalização do aborto, denunciou, são os mesmos que são cúmplices, e mesmo responsáveis directos, pelas políticas que levam muitas mulheres a recorrer ao aborto: Quantas mulheres e casais limitam o número de filhos que gostariam de ter «em resultado da precariedade laboral, do desemprego, das situações de instabilidade económica e social com que crescentemente estão confrontados», questionou.
Comício no Cercal
Um problema de civilização e de classe
No passado domingo, realizou-se um comício na Casa do Povo do Cercal do Alentejo, integrado na campanha pelo «Sim» no referendo de domingo. Ao comício compareceram três centenas de pessoas, que encheram o salão. A mesa era constituída por vários membros do órgãos executivos regionais do Partido e da JCP, por autarcas, e ainda por Manuel Valente, do CC, José Catalino, da Comissão Política, e o secretário-geral do Partido, Jerónimo de Sousa.
Emília Almeida, da Direcção da Organização Regional do Litoral Alentejano, lembrou, no seu apelo ao voto no «Sim», que outras reivindicações ligadas à saúde estão por satisfazer: «Temos que assegurar – disse – infra-estruturas com todas as condições para o acompanhamento da gravidez e parto, como seja acompanhamento médico e maternidades». Na nossa região, prosseguiu, a maternidade, «apesar das promessas feitas continua a ser uma miragem».
Ana Morgado, membro da Comissão Regional da JCP, lembrou que «não podemos desligar esta questão (o recurso ao aborto) das condições de vida das mulheres e das populações; em Portugal o desemprego cresce, principalmente entre as mulheres, e a precariedade é uma realidade entre os jovens». Estas são algumas das razões que leva muitas mulheres a «não terem condições para assegurar uma maternidade consciente e responsável».
Vítor Proença, presidente da Câmara de Santiago do Cacém, por seu lado, lembrou a necessidade imperiosa de todos votarem num caso como este, que, mencionou, é «de civilização».
Jerónimo de Sousa encerrou as intervenções, lembrando que «muito embora o “Sim” tenha ganho no distrito de Setúbal em 1998», o que prevaleceu foi a abstenção. Daí a obrigação «que todos temos de ganhar mais gente para que no dia 11 não fiquem em casa».
O secretário-geral do Partido participou, no fim-de-semana, em dois comícios – no Porto e no Cercal, no concelho de Santiago do Cacém. No Porto, cerca de 800 pessoas encheram o Cinema Batalha para participarem no comício do PCP.
Precedido de um desfile promovido pela JCP, que juntou algumas dezenas de jovens na Rua de Santa Catarina, o comício foi aberto pela Orquestra Ligeira de S. Pedro da Cova. Silvestrina Silva, da direcção regional, afirmou que «para o PCP, responder “Sim” à pergunta do Referendo tem como objectivo defender a saúde reprodutiva das mulheres, uma vez que o aborto clandestino é um problema de saúde pública, e acabar com a criminalização penal injusta e inadequada das mulheres e com o negócio milionário do aborto clandestino».
A médica Conceição Bacelar realçou a importância da alteração da actual lei como condição fundamental para se «encarar de forma mais bem sucedida o fenómeno da interrupção voluntária da gravidez em Portugal, combater o aborto clandestino e identificar os métodos mais eficazes de planeamento e acompanhamento pessoal e familiar».
O que está realmente em causa
No Porto, Jerónimo de Sousa saudou todos os que participam na campanha pelo «Sim», particularmente os que «sendo alvo da chantagem e da tentativa de manipulação dos seus sentimentos» não se deixam intimidar e não viram a cara aos dramas da vida real votando «Sim» à despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez.
Rejeitando a argumentação dos defensores do «Não», esclareceu: «A votação do próximo dia 11 de Fevereiro não é para decidir se estamos a favor ou contra o aborto.» O que está em causa é se se mantém ou não a pena de prisão até três anos para as mulheres que recorram ao aborto, explicou.
Jerónimo de Sousa afirmou que aquilo que se vai votar é se continua ou não a «humilhação pública da mulher, a devassa da sua vida íntima, as investigações e os julgamentos como objectivamente acabarão por defender todos aqueles que votam “Não”, digam o que disserem sobre a intenção do seu voto». As condenações e os julgamentos têm efectivamente sido uma realidade nos últimos anos, ao contrário do que afirmavam em 1998 os defensores do «Não» para justificarem a manutenção da actual lei, lembrou o dirigente do PCP.
Em causa está ainda, prosseguiu, a manutenção ou não de uma lei que «impõe à mulher como única saída o aborto clandestino, inseguro e sem condições». Ou se, por outro lado, pode passar a realizar-se a interrupção da gravidez até às 10 primeiras semanas, em condições de segurança e assistência médica.
Uma questão que toca a todos
O aborto clandestino é «um problema político e social que diz respeito a toda a sociedade e não apenas às mulheres em idade de ter filhos», destacou Jerónimo de Sousa. O dirigente comunista afirmou ser necessário garantir «todos os votos nas urnas em 11 de Fevereiro, combatendo a abstenção, com a mobilização de todas as nossas forças e a nossa influência». Porque, alertou, «por um voto se ganha, por um voto se perde».
Aos presentes, Jerónimo de Sousa apelou a um esforço final nesta campanha: «vamos sem desfalecimentos, convictos da justeza da nossa luta, mobilizar para o voto “Sim”, o único voto que assegura e defende dignidade da mulher e o seu direito a optar e decidir».
O secretário-geral do PCP rejeitou os argumentos dos que afirmam que com a despenalização da IVG admite-se o «aborto sem motivo». Em sua opinião, «só quem está longe dos dramas da vida real dos homens e das mulheres de carne e osso, das dificuldades da vida dos homens e das mulheres concretas pode afirmar que uma mulher recorre ao aborto sem motivo ou vai para ele de forma leviana».
Os que agora falam do planeamento familiar e a ajuda à família como contraponto à despenalização do aborto, denunciou, são os mesmos que são cúmplices, e mesmo responsáveis directos, pelas políticas que levam muitas mulheres a recorrer ao aborto: Quantas mulheres e casais limitam o número de filhos que gostariam de ter «em resultado da precariedade laboral, do desemprego, das situações de instabilidade económica e social com que crescentemente estão confrontados», questionou.
Comício no Cercal
Um problema de civilização e de classe
No passado domingo, realizou-se um comício na Casa do Povo do Cercal do Alentejo, integrado na campanha pelo «Sim» no referendo de domingo. Ao comício compareceram três centenas de pessoas, que encheram o salão. A mesa era constituída por vários membros do órgãos executivos regionais do Partido e da JCP, por autarcas, e ainda por Manuel Valente, do CC, José Catalino, da Comissão Política, e o secretário-geral do Partido, Jerónimo de Sousa.
Emília Almeida, da Direcção da Organização Regional do Litoral Alentejano, lembrou, no seu apelo ao voto no «Sim», que outras reivindicações ligadas à saúde estão por satisfazer: «Temos que assegurar – disse – infra-estruturas com todas as condições para o acompanhamento da gravidez e parto, como seja acompanhamento médico e maternidades». Na nossa região, prosseguiu, a maternidade, «apesar das promessas feitas continua a ser uma miragem».
Ana Morgado, membro da Comissão Regional da JCP, lembrou que «não podemos desligar esta questão (o recurso ao aborto) das condições de vida das mulheres e das populações; em Portugal o desemprego cresce, principalmente entre as mulheres, e a precariedade é uma realidade entre os jovens». Estas são algumas das razões que leva muitas mulheres a «não terem condições para assegurar uma maternidade consciente e responsável».
Vítor Proença, presidente da Câmara de Santiago do Cacém, por seu lado, lembrou a necessidade imperiosa de todos votarem num caso como este, que, mencionou, é «de civilização».
Jerónimo de Sousa encerrou as intervenções, lembrando que «muito embora o “Sim” tenha ganho no distrito de Setúbal em 1998», o que prevaleceu foi a abstenção. Daí a obrigação «que todos temos de ganhar mais gente para que no dia 11 não fiquem em casa».